A Língua
Andrômedra
A linguagem
Andrômedra não utiliza o alfabeto Latino. De fato, não utiliza nenhum
alfabeto. Cada palavra é representada por um símbolo
diferente. Cada símbolo é composto
por até 50 bolinhas envolvidas por uma fina linha que em geral é preta. As bolinhas são coloridas e há 200 cores
disponíveis. Isto significa que podemos ter na língua uma grande quantidade de
palavras diferentes (quantas ?). Se por acaso este número não for suficiente, aumentaremos o número de
cores disponíveis.
Cada
símbolo (palavra) pode ser desenhado em qualquer forma. A única restrição é que todas as bolinhas estejam dentro da
linha fechada que as delimita. Objetos adjacentes não se
misturam, pois estão separados pela linha.
Frases em Andrômedra
possuem sujeito, verbo, predicado, etc,
- passado, presente, futuro, passado do passado (eu comi a maça antes de
jantar ontém à noite), passado distante (eu nasci há 60 anos), passado recente
(eu comi a maçã ontém), passado condicional (isto não teria acontecido se eu
tivesse falado com ela), futuro distante
(eu estarei aposentado em 30 anos), futuro imediato, futuro condicional
(eu almoçarei com você amanhã se tiver tempo), futuro contínuo (eu estarei
trabalhando durante toda a tarde amanã), tempo indefinido (eu comerIN a maçã, onde IN significa que o tempo
não está definido), todos os tempos (eu comoTO maçã, significando que isto
aconteceu, acontece e acontecerá), presente condicional (eu estaria comendo a
maçã se eu a tivesse comprado), presente contínuo (eu estou comendo a maçã
desde o início do filme), futuro contínuo (eu farei um curso de dois meses o
ano que vem), futuro incerto (eu espero estar comendo a maçã amanhã, mas não
tenho certeza), imperativo, subjuntivo, etc.
- frases afirmativas ou negativas: “eu não
comiPANA a maçã” e “eu não comiPA a maçã”. O primeiro é um verbo no passado na negativa e o segundo apenas no passado;
- voz ativa/passiva;
- cada um dos diferentes tipos de sujeito: eu,
tu, ele, nós, vós, eles, substantivos;
- masculino/feminino. O verbo se modifica se o
sujeito da oração é homem ou mulher. Assim, um homem diz “eu
comereiMA a maçã” e a mulher “eu comereiFE a maçã”. Naturalmente,
“comereiMA” e “comereiFE” serão representados por símbolos completamente
diferentes entre si.
Estamos cientes de que
o espectro dos comportamentos humanos é bem mais rico do que a
escolha binária homem/mulher (masculino/feminino). Contudo, para não tornar a
língua complexa (sic), nos restringiremos a estas duas
possibilidades.
Se não sabemos qual o
sexo por falta de informação suficiente, podemos utilizar uma forma indefinida
do verbo. Mas isto só é possível em casos
- elementos da natureza. O verbo possui
diferentes formas para cada um dos reinos da natureza, que creio sejam cinco. Assim, a palavra “morreu” em “ele morreu” seria representado por
diferentes símbolos de acordo com a categoria de “ele”. Se for um vegetal, um símbolo, um fungo, outro símbolo. Há
ainda um símbolo para sujeito indefinido que não é humano e não sabemos a que
classe pertence;
- diferentes números de elementos no sujeito. Assim, se dois homens morreram, dizemos “eles2 morreram2”. Se três, “eles3 morreram2”. Observe que “morreram2” e
“morreram3” seriam representados por símbolos diferentes. Há símbolos
diferentes para todos os números até 100. Depois disto, um
único símbolo representa todas as formas de “morreram”. Há uma forma
para quando não sabemos quantos elementos são: morrerNIN.
Cada
verbo possui um único e exclusivo significado. Por exemplo, o verbo
“ler” em Português é representado em Andrômedra por diversos verbos, cada um
deles com um significado preciso: “ler um livro”, “ler a mão”, “ler
dinamicamente” (de leitura dinâmica), “ler um texto no vídeo de um computador”
(que é bem diferente de ler um livro), etc.
Em Andrômedra um verbo
pode ser composto por até dez símbolos diferentes, que podem estar espalhados
em qualquer ordem na frase. Observe que em Inglês um
verbo pode ser composto por duas palavras: “I will look after the baby”, “I
will look at the girl”, “I look like my father”.
Observe que todos os
itens acima (exceto masculino/feminino e elementos da natureza) sempre se aplicam simultaneamente a um verto. Assim, “morrerAFATFPVE5” significa o verbo
“morrer” na AFirmativa, na voz ATiva, no Futuro do Passado (FP) e aplicado a cinco
(5) VEgetais. Não existem símbolos para verbos incompletos
O sujeito da oração
possue formas diferentes conforme cada um dos tempos do verbo. Isto é bem razoável. Quando dizemos “eu
comi uma maçã ontém”, falamos de um “eu” que existiu no passado.
“Nós”
e “eles/elas” assumem formas distintas conforme o número de elementos e a
categoria a que pertencem os elementos a que se referem o pronome. Assim, a palavra “ElasVE4 morreramVE4” significa que quatro
VEgetais morreram. Se há elementos de diversos reinos agrupados no mesmo
pronome ou verbo, utiliza-se a forma do elemento mais evoluído. Feminino tem precedência sobre masculino (se seres humanos estão
envolvidos).
Há uma
forma diferente para cada substantivo:
- se ele se refere a uma possibilidade de existência:
“eu comerei uma maçãPO daqui a dois anos”. A maçã ainda nem existe e seria um
absurdo utilizar a palavra “maçã” nesta frase, já que esta palavra significa
algo existente;
- conforme se fale dele com respeito,
reverência, desprezo, amor, etc. Assim podemos colocar na
frase um pouco da expressão facial que utilizamos quando dizemos uma frase
pessoalmente. Se dizemos “O presidenteRES governa do planalto” estamos nos referindo com RESpeito ao
presidente. Depois de alguns anos, esta frase se transforma
em “O presidenteDES governa do planalto”, com DESprezo.
- se ele é uma representação visual do
substantivo. Assim, “veja a maçãVI que desenhei” utiliza um símbolo diferente
para “maçã” do que “eu comi a maçã”. Afinal, não é uma maçã de verdade, apenas
uma representação;
- se ele é uma representação digital/analógica
do substantivo. Diríamos “A maçãDI está no arquivo” para dizer que o desenho da
maçã está armazenada em forma de bits no arquivo;
- quando ele é usado
- de acordo com sua a existência parcial ou
incompleta. Não é correto chamar um pedaço de maçã de “maçã”.
Então, diríamos “Eu comi um pedaço da maçãPA”;
- de acordo com o número de elementos: “eu comi
duas maçã2”. Há símbolos para todos os números de 1 a 100, um para números
maiores do que 100 e um símbolo para um número indefinido de elementos.
Obviamente, devemos combinar todas as formas de um substantivo: “maçãPOVISUPAIN” significa um pedaço de maçã
(PA) que desenharei (VI) amanhã (
Não há símbolos para
palavras incompletas
Os artigos que
acompanham o substantivo podem variar de acordo:
- com o gênero (masculino/feminino),
- com o número de elementos do substantivo,
- com o reino da natureza a que pertence o
substantivo,
- com a função do substantivo. Dizemos “ASU
maçã estava ótima” porque “SU”significa que “A”estava
sendo utilizada
- com a definição/indefinição do substantivo.
Há 20 classes de definição. Por exemplo, “A1” é o mesmo que
“A”. Se dizemos “A1 maçã’, sabemos exatamente de qual
maçã estamos falando. É equivalente a “A maçã”
em Português. Se dizemos “A20 maçã”, não sabemos exatamente
qual maçã. É equivante a “Uma maçã” em
Português. “A10 maçã” é uma forma intermediária entre “A1
maçã” e “A20 maçã”. Podemos expressar nosso pensamento
com uma precisão de 5%.
Os adjetivos variam
- com o gênero
(masculino/feminino/indefinido/cada um dos reinos da natureza);
- número de elementos (1-100, número maior/número
indefinido);
- de acordo com a intensidade de sua aplicação.
Dizemos “Ela é bonita100” de uma moça surpreendentemente bonita,
com nota máxima. Dizemos “Ela é bonita1” para uma moça bonita,
mas no limite de não ser;
- de acordo com o substantivo a que se aplicam.
Há uma forma do adjetivo para cada forma do substantivo. Parcialmente
coberto pelos dois primeiros itens (gênero e número de elementos).
Há palavras em
Andrômedra que não desempenham nenhum dos papéis comuns em outras linguagens
As frases nesta língua
podem ser escritas com as palavras colocadas em qualquer ordem, já que cada
palavra diz qual possição ela ocupa: “EuSU comi aOD maçãOD”. Não
haveria perda de informação se disséssemos
“maçãOD comi aOD EuSU”. Então, os símbolos que
representam cada palavra poderiam ser grudados formando desenhos – um desenho
para cada frase. De fato, as linhas que delimitam cada símbolo poderiam
ser utilizadas para transmitir informações que não estão na
frase. Por exemplo, em “Eu estou feliz” poderíamos desenhar “feliz” em forma de
sorriso para baixo, querendo significar que não estamos felizes.
Alguns
símbolos não significam nada. Apenas são usados para tornar mais bonitas as frases desenhadas
Apesar
das palavras de uma frase poderem ser colocadas em qualquer ordem, normalmente
elas deverão ser colocadas em uma ordem que adicione informação à frase.
Assim, se alguém nos acusa de ter comido uma maçã, diríamos “não eu comi a
maçã”, com
“não” em primeiro lugar, enfatizando a negação do fato e, em segundo lugar, “eu”.
Se uma mãe pergunta ao filho se ele comeu o abacate, com a
intenção e mantê-lo nutrido, o filho deveria responder “Comi eu o abacate”. Colocando “comi” em primeiro lugar enfatizamos o fato de que o
“comer” era mais importante. Seria uma indelicadeza dizer
“eu comi o abacate”, o que colocaria “eu”em primeiro lugar.
Em
linguas ocidentais, a leitura é feita da esquerda para a direita, de cima para
baixo. Em Andrômedra, a leitura é normalmente feita na
ordem crescente dos números abaixo.
1 2
3 4
12 13
14 5
11 16 15 6
10 9 8 7
A leitura é feita em caracol.
1 8 13 16
5 2
9 14
11 6 3 10
15 12 7 4
Observem que Andrômedra
deixa as línguas convencionais a anos-luz de distância
quando o assunto é precisão. Quando esta língua for amplamente usada, as
pessoas acharão inacreditável que no passado a palavra “nós” não fornecia
sequer a informação do número de elementos a que se
referia. Um absurdo.